Sério e de verdade.
Sempre acho que a minha maneira é a melhor, só mudando de opinião depois de exaustivas vezes errando. E adoro persistir no erro, até finalmente me entregar e mudar a antiga maneira de pensar/agir/falar/compreender.
Hoje eu mudei minha forma de compreender, mais uma vez. Quebrei a cara de novo, mas não de uma forma negativa.
...
Pensava que quando pedisse à Paciência um pedacinho de si, ela ia me chegar imediatamente voando em asinhas brancas. Mas não. A safada não veio assim.
Resolveu que seria muito mais proveitoso rebolar uma sementinha e ver se ela ia florescer.
- A idéia parece ser genial, Dona Paciência... O problema é que nunca se sabe a hora em que essa bendita semente vai querer brotar.
E num é que hoje eu finalmente vi um pedacinho de verde nascendo no meio do pedregulho?!
Eu hoje amei de verdade. Coloquei-me de lado, e junto comigo as minhas necessidades, inseguranças, medos e irritações. Resolvi fazer o que eu não queria fazer e dizer ‘sim’ pela manhã, quando queria dizer ‘não’. Coloquei o salto e saí andando, lado a lado com ela, em seu ritmo lento, em seu discurso ligeiro e penetrante. Eu ouvi, eu dirigi, eu ouvi dirigindo.
E a almejada paciência resolveu dar as caras.
Senti-me no topo do mundo. Será que conseguiria fazer isso mais vezes. Já diziam que a prática leva a perfeição...
Então à tarde eu resolvi colocar em dia toda a minha procrastinação. Traduzi. Palavra por palavra. Frases gravadas em mim. [The relevance of establishing regulatory framework specific to the sector of wind energy... The consensus proposal of the Charter of winds is based on… The need to maintain a high participation of renewable energy in the electric matrix…]
A paciência cresceu mais um pouquinho.
À noite resolvi me beneficiar novamente dessa minha agora amiga íntima.
Deliciei-me catorze, com menta caramelizada e banana com chocolate, ou era o contrário, gelados.
Beijei gelado, falei devagar.
Respirei fundo –inspira, expira- deixei o silêncio falar.
Abracei intenso, afaguei os cabelos, beijei respeito, beijei meu lar.
Olhei nos olhos, me expus sem medo, o fiz descansar.
“Fiz minha casa no teu cangote.
Não há neste mundo quem me bote,
Pra sair daqui.”
Santa Paciência, rezei uma prece para você.
Estou completamente estafada. De mente e de corpo.
Mas hoje eu vivi além de mim.
Cada dia assim pra mim é uma conquista. O Amor sai como um urro de vitória.
Então eu digito essas últimas palavras, ando até a minha cama de espumas, leio aquele livro, decifro o outro, falo contigo.
Já é hora de deitar a cabeça no travesseiro e dormir, serena.
Como pode, no silêncio, tudo se explicar?!
Vagarosa, me espreguiço,
E o que sinto, feito bocejo, vai pegar.